O país anda de rastos, o desânimo tomou conta de boa parte da população, nem quando o Benfica perdia quase tudo se viviam tempos assim, embora (felizmente) o club do coração de (ainda) maior parte da população (da metrópole e de quase Angola inteira) não se tenha recomposto totalmente.
Neste nosso Portugal está quase tudo mal, e nem a religião ajuda, o clero (outrora porto seguro da população) fecha-se em copas, limita-se a gerir o pão nosso de cada dia, e a intensificar a ação social (quase sempre meritoriamente), mas é preciso mais, pode ser a hora certa para o rico clero tirar os anéis dos dedos, investir, construir e reconstruir tudo e mais alguma coisa, dar trabalho aos fieis injetando capital e animo na sociedade, dando o seu contributo para alavancar a economia, o povo está cansado de sermões e quer obras, a cassete do discurso do coitadinho copiada de um qualquer partido de esquerda de segunda linha não basta.
Os partidos também não ajudam em nada, temos um novo governo com maioria vai para um ano, esteve cá a troika e (quase) todos disseram "amen", eles voltam cá e continuam todos a dizer "amen", mas isso só não chega, é preciso haver de facto união, esquecer que existem por aí uns quantos velhos do Restelo, que são capazes de dizer que a ideia deles de ontem é má só porque só hoje foi proposta pelo outro partido, é deixa-los palrar à vontade e olhar para o que interessa, pôr o Ministério Publico e os tribunais a trabalhar, levantar processos relâmpago aos corruptos deste país, esses sim merecem ir para o desemprego urgentemente, dar um sinal claro de que há vontade de mudar, de acabar já com o clientelismo, colocar o estado ao serviço da economia apoiando o desenvolvimento de novos projetos, a maior queixa dos empresários não era até à pouco tempo a falta de dinheiro (agora infelizmente também já é), mas sim os entraves e a burocracia que o estado lhes colocava, não estorvar e ser rápido na resposta, já ajuda, e muito.
A nossa comunicação social tem adotado uma linha editorial negativista e catastrófica, e não se ensaia nada em ser parcial e dar voz aos interesses dos grupos para os quais trabalham, ou pior ainda, no caso dos media públicos onde os próprios funcionários (jornalistas) usam o poder da comunicação em proveito próprio tentando com isso manipular as opiniões a seu favor. Raramente se vê uma questão abordada de forma clara, isto é tem sempre de haver a preservativa do coitadinho, a opinião do fazedor de opinião do contraditório, mas se pelo menos isso contribuísse para o cabal esclarecimento da população: do mal o menos, contudo é nos sempre induzida a opinião de que tudo está mal e é mal feito.
Nos últimos anos a justiça tem acumulado processos que não consegue resolver, casos que a comunicação social se encarregou de alimentar, tal é a fome de obter sempre mais supostas provas, novos dados, ou sempre escaldantes insignificâncias, que por vezes só servem para desviar a atenção da opinião publica, conforme o interesse de quem tem força e poder para manipular as noticias. Tirando partido de mil e um expedientes os advogados fazem prolongar em tribunal processos com o único objetivo de adiar o veredicto conforme o interesse do seu constituinte, e de por essa via o prender ao seu jugo como cliente fiel.
No país real, a vida continua, as paredes escondem misérias, e em casa as famílias sofrem, a muitas falta o pão, ou melhor, até falta tudo (porque é que isto não muda?).
Nas ruas somos os maiores, está sempre tudo bem, desde que haja saúde e trabalho, o que não deixa de ser verdade, mas somos capazes de logo de seguida dar uma machadada em todos os conceitos, picar o ponto no emprego, ir para o posto de trabalho, mandar o patrão para o galheiro e pensar ou dizer baixinho: isto não é meu nem do meu pai, quero é que chegue depressa ás 6 da tarde, e ponham é lá o meu certinho ao fim do mês.
Somos uns morcões que para aqui andamos, incapazes de olhar para o espelho e ver o que de mal fazemos, quais burros usamos umas palas e só vemos em frente, ou aquilo que nos interessa ver, somos incapazes de olhar para o lado, libertar o nosso espirito crítico, soltar um berro e dizer:
isto está mal, é favor de fazer bem...
e mais nada!