Numa praia semi-vazia mas repleta de um sol, capaz se fazer corar um qualquer tórrido dia de Agosto, elas fazem-se notar, as novas a querer parecer mais velhas, as mais velhas a querer imitar as novas, umas novas com estilo umas velhas com manias, ou tudo junto, sempre de telemóvel a reluzir e a ponta da unha de gel a debitar surdos sms, talvez outro qualquer segredo cabeludo mais fácil de fazer chegar assim à toalha do lado, muitas fingidas sofisticadas que assim que abrem a boca logo se vê que as aparências iludem, da que trata o neto por filhinho, à que fica escandalizada por o miúdo lhe chamar mãe, estala logo o verniz, e repreende-o recordando-lhe de imediato o seu parto e as suas origens!
O bronze é induzido de uma forma quase industrial à base de sol e pigmento, qual franga no assador vira que revira unta e besunta, a marca assim o obriga, e para não ficar com ela nas costas desaperta e aperta esquece-se e vira e volta a virar, levanta e desenfia porque se enfia no rêgo… que o miúdo estava a fazer na areia.
Com uma pontualidade fabril às 6 da tarde dão em debandada, não sem antes fazerem o controle de qualidade do bronze, o processo de verificação é simples, uma toalhinha enrolada à volta alivia o biquíni e pimba, maminhas ao léu, até que nem esta mal, notam-se bem as marcas, e não adianta ficar zangada com a parceira que deixou cair a toalha, a coitada distraiu-se com o salva-vidas que se estava a despedir de duas turistas num inglês macarrónico, estas foram-se embora bastante divertidas a tagarelar na língua da Sophia de Mello Breyner Andresen.
as iludências aparudem - as aparências iludem