«Numa absolvição real, os autos do processo devem ser completamente postos de lado; desaparecem por completo do procedimento judicial. Não é apenas a acusação que é destruída, são também o processo e a sentença absolutória. Na absolvição aparente as coisas passam-se de outro modo. A única modificação que o auto sofre é ser enriquecido pela atestação de inocência pela sentença e pelas razões que determinaram esta. Mas de resto permanece no procedimento judicial. Continuam, como o ininterrupto movimento das repartições da justiça o exige, a levá-lo aos tribunais superiores, volta aos tribunais inferiores e fica, assim, a oscilar com grandes e pequenas amplitudes, com grandes e pequenas interrupções. Estes percursos são imprevisíveis. Quem vir a situação de fora poderá muitas vezes, ter a impressão de que tudo caiu no esquecimento, que o auto se perdeu e que a absolvição está completa.»
in O Processo, Franz Kafka