Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
poema de: Luís Vaz de Camões
Ao longe, do campanário da igreja, chega o toque das Ave-Marias que anuncia mais uma hora que passa, as seis pancadas que se seguem não deixam duvida, lá fora ainda está escuro e posso dormir mais uma hora, viro-me para o outro lado e lembro que são muitos aqueles que a esta hora já trabalham e até outros que ainda não pararam de trabalhar desde que me deitei… e como seríamos felizes se tudo se resumisse a isso, pior estão aqueles que contra a vontade não terão o que fazer depois de se levantarem, o grande problema da nossa sociedade não é o desemprego, mas sim os desempregados e as suas famílias,…
…abro os olhos e não vejo nada,
lá fora continua tudo tão escuro...
00:00 uma vaca ainda ronca desalmadamente
01:00 concerto para camião e contentor do lixo
02:00 a bebedeira do gato apaixonado
03:00 lamentos de uma ave vadia
04:00 conversa de cães
05:00 um galo com o despertador avariado
06:00 as capoeiras todas ao rubro
06:40 o sino para a missa primeira
Nascer da Lua em São Martinho da Gandara,
12 de Oitembro de 2011 ~ 19:40
por vezes é no meio de muitas duvidas
que encontramos grandes certezas
pôr-do-sol, São Martinho da Gandara, 3 de oitembro de 2011