Praia do Areal - Lourinhã
Praia do Areal - Lourinhã
Praia de SuperTubos - Peniche
Praia de SuperTubos - Peniche
Praia da Areia Branca - Lourinhã
Praia do Areal - Lourinhã
Praia do Areal - Lourinhã
Praia de SuperTubos - Peniche
Praia de SuperTubos - Peniche
Praia da Areia Branca - Lourinhã
Há muito que as férias terminaram para a grande maioria, em ano de eleições não se fala de crise e assim foi, marias e maneis rumaram aos locais turísticos de nomeada, bolsos mais ou menos recheados com uns trocos, e se hoje neste bar se bebeu uma Pedras ao preço de um pack no supermercado, amanhã se poupará fazendo um arrozito de atum para quatro, que sempre é peixe, que é o que fica bem dizer que se comeu quando se anda pela costa litoral, vêm-se as vistas, disserta-se secretamente acerca da proporcionalidade inversa entre o preço dos biquínis e o tamanho do bronzeado que provocam, tosta-se a pele coisa que ainda é à borla, dá-se um mergulho no mar, encontra-se o primo emigrante na França e para discutir a teoria à volta do migrante que agora deixou ou não cair o “i”, ou o “e” ou…, volta-se para a esplanada para mais uma rodada de Super-Bock e tremoços, que isso dos camarones e caracoles é cousa para turista estrangeiro e rico, e isto anda pejado deles carago! Eles chegam alguns a pé pelos caminhos de Santiago, outros pelas estradas das maneiras mais exóticas: desde a tradicional Pão de Forma, à mais moderna Autocaravana, passando por sucatas ambulantes que parecem ter saído dos saldos de um qualquer exército há muito extinto, tudo serve, e vão todos direitinhos à nossa costa, ver o mar, de onde chegam os navios de cruzeiro, autênticas babilónias ambulantes, que brotam gentios desejosos de nos conhecer e gozar da nossa hospitalidade, de máquina fotográfica na mão e sempre de olhar posto no céu para ver este sol maravilhoso que nos abraça, e onde se avistam essas grandes aves surgidas do horizonte, são os chárteres a descer à terra, tal como profetizou um inspiradíssimo iluminado, são paletes deles que vêm para cá gastar o guito. Nas principais cidades a máquina está montada e pronta a recebê-los de braços abertos, venham e voltem sempre, que enquanto por cá andarem dão trabalho a muita gente, estes são os dias das férias dos outros, numa azafama completa e com o país a banhos eles trabalham para que outros desfrutem, são os heróis na sombra, queimados por um sol que sem escolha os beija de manhã à noite, cansados da noite que só termina já o dia vai alto, são parte de uma grande engrenagem que trabalha na surdina desde a produção, passando pela distribuição e garante que quando o cliente sentir sede lhe possa ser servida a melhor seiva que do Caramulo brota, e que sempre que este se queira aliviar nunca lhe falte a água del cano. Verão (aqueles que quiserem) que neste entretanto o país não parou, houveram muitos a trabalhar para isso, foram tantas vezes heróis na sombra. Já agora, a economia agradece?!
As lições da historia deveriam servir para alguma coisa, mas não, (vá lá) pelo menos abrir os olhos e mostrar (por exemplo) aos governantes e seus séquitos as doenças de que vai padecendo o poder, mas não, apesar do imenso conhecimento de que dispomos dos erros das civilizações passadas, poderíamos ter sido ao longo do tempo mais perspicazes, mas não, vamos sucessivamente tropeçando (e caindo) nos mesmos erros, devíamos ter (pelo menos) um sentido critico (de responsabilidade) mais apurado, mas não, NÓS civilização (dita civilizada) adoptamos (sempre) a posição mais cómoda, diríamos (na forma politicamente correcta), mais diplomática, o que até seria verdade, mas não, deixamos sempre que cresçam por aqui e por acolá umas quantas democracias de idoneidade duvidosa, ou uns insuspeitos governos com interesses suspeitos, podíamos sempre tentar fazer qualquer coisita para os travar, mas não, (até porque) esbarramos sempre na eterna questão, sempre (in)comoda: dos vizinhos, das pedras e dos telhados de vidro... ah pois!, e as carradas de cinismos e todas as falsidades inventadas para encobrir os eternos interesses económicos.
No Jardim Dos Monstros - Erik Larson
Quantas coisas nos escapam no dia a dia, um recorte ali, um spot acolá, aqueloutra noticia, factos isolados, quantas vezes sem nexo, elementos da mesma teia tão habilmente urdida, que mantém o mundo no estado em que o conhecemos, sempre tão cheio de conflitos, sempre tão repleto de intrigas, sempre com a estabilidade na corda bamba, e o perigo a espreitar em cada esquina, e é terrível pensar ate que ponto, de um momento para outro podermos estar a passar da ficção à realidade sem que disso nos demos conta, o lançamento de uma inocente pedra que despoleta uma intifada há muito urdida, congeminada pelos (in)suspeitos do costume.
O Anjo Caído - Daniel Silva
Adeus amigo Reguila!
Adeus amigo Banheiro!
A saúde vai na mesma,
A bolsa vai sem dinheiro!
Assim dizia a avó Emília, e era o fim das férias…
Praia do Furadouro, 01.09.2012
A praia é sempre um bom local para tirar fotografias, a areia, o mar, (os biquínis) e um sempre belo pôr-do-sol fazem o enquadramento ideal para um retrato bem tirado, com a evolução para o digital a foto democratizou-se, e click atrás de click tiram-se "canastras" de gigas de" jpegues" que tantas vezes nem sequer chegam a sair do cartão. Daquelas que não se perderam as mais giras vão para wallpaper, outras viram filme, e poucas, as mais sortudas, cumprem a sua nobre função e são impressas. Passado o ritual de, pelas festas de Natal, recordar com a família e amigos os dias quentes, as que sobrevivem vão parar ao álbum, aquela caixa ou fundo de gaveta (tipo) tudo a monte, de onde só irão sair daqui a muito tempo amarelecidas, queimadas, estragadas, mas sempre: para mais tarde recordar.
«ai mamã távas tão gira!»
este comentário vai demorar pelo menos alguns anitos a chegar, e já agora ainda vais a tempo de prevenir este:
«olha… pelo menos podias ter escrito a data e o local!»
O nosso cérebro funciona assim, por vezes basta algo simples para que despertem em nós as mais fantásticas recordações, e um verão perfeito requer momentos… inesquecíveis.
Super-Bock, Super-Verão!
Na praia é assim reina a democracia, são as Francesas com os seus enormes biquínis, as Alemãs a querem ver-se livres deles, e as Portuguesas que aderiram em massa à moda das Italianas e preferem os cavados, sempre enfiados, na linha que separa tudo isto encontramos alguns machos que continuam a preferir as esplanadas e as minis deixando assim a areia menos poluída, entretanto os miúdos continuam a divertir-se com o que mais interessa na praia: areia, sol e mar...
Agora resta besuntar as curvas com o creme de cenoura, espetar com os phones nos ouvidos dedilhar pelo iPod à procura do ultimo êxito do Tony Carreira, e esperar que passe um garoto qualquer mais atrevido e que nos deixe salpicados de areia qual panado acabadinho de fritar, o pretexto perfeito para (des)armar barraca e ir dar um bom mergulho, isto é ir molhar os pés, que mesmo com bandeira verde por aqui a água é fresquíssima e as ondas metem medo.
De volta à toalha é tempo de mordiscar uma maçã (qual macintosh qual quê: starking espanhola e ainda com a etiqueta, para dar mais style), até parecia mal trazer uns croquetes para a praia, mas até já ia...
Não há areal que se preze onde não apareçam os vendedores ambulantes, um marroquino carregado de produtos das melhores e mais caras marcas de renome, e como sempre cheio de faro para o negócio aborda um casal de Francius que a falar um português impec dizem que aquilo não lhes serve: «ando de Panamera num bou comprar disso» diz ele, «e o original Versace é verde e castanho queu bi em paris» queixa-se ela enchendo o peito de ar para realçar a caixa torácica, mais à frente o magrebino lamenta não ter os tais iPhone de 150 paus mas «ficaru retidos em Valência…», e há propostas para todos os gostos: «Bolacha Americana, a língua da Sogra... Ai Sogrinha!» apregoa um, «chora que a mãe dá» grita o das pipocas, por aqui só faltam (tipo) as bolas de Berlim, mas não fazem falta, não estivesse-mos nós numa praia do “noarte” e isso é coisa de alfacinhas que gostam de (tipo) se intoxicar…, o desfile continua, passa uma cigana carregada de cabides e larga mais um piropo: «ó jeitoza! querez'um bestido?», nisto o marroquino volta à carga e consegue sacar aos esquisitos 60 broas, uns óculos de sol para ele e uma mala para ela, afinal "as cores até cumbinam bem". Na debandada a alemã ainda fica à espera do pôr-do-sol e diverte-se na sua arte burlesca de esconder pouco aquilo que parece desejosa por mostrar, a esquisita chique trocou o saco preto do PingoDoce pela Versace, e o esquisito ainda não conseguiu pôr o Renault 19 a trabalhar, deve ter vindo com o carro do jardineiro e deixou o Porsche na garagem, só para disfarçar... Claro!
Na praia é assim reina a democracia.
Praia de Aver-o-Mar, Povoa de Varzim
A Feira Medieval de Sta Maria da Feira passou a Viagem Medieval, e ao longo dos anos tem vindo a crescer exponencialmente, a máquina económica que domina o evento rola em contraciclo com a economia, são milhares e milhares de pessoas que lá acorrem todos os dias e alegremente esperam nas longas filas e abrem os cordões à bolsa em qualquer canto e esquina, seja para ver mais um espectáculo, comprar uma qualquer bugiganga, ou comer uma amostra de sandes de porco no espeto regada com sangria, e já agora se não quiser esperar na fila para devolver a caneca e receber o valor do deposito pode sempre levá-la para casa (já pagou!), espero é que todo aquele comércio seja contabilizado à moda do século xxi e não passe pela porta do cavalo.
Luta junto ao Castelo, este espectáculo ainda foi à “borliu”
Alexander von Humbolt II - Bremerhaven - Alemanha
Creoula + Santa Maria Manuela - Aveiro - Portugal
Guayas - Quito - Equador
MIR - St Petersburg - Russia
Pelican of London - Weymouth - Reino Unido
04.08.2012 @ Sea Festival - Ilhavo PT
Vivemos rodeados de sabichões superdotados, doutorados pela universal sabedoria popular, donos e senhores de uma inigualável inteligência multifacetada que abrange todo e qualquer tema que se aflore, quais wikipedias ambulantes estão sempre prontos para ter a melhor opinião, e na perspetiva deles a única possível e válida, argumentam do átomo à molécula, com a mesma facilidade que driblam entre o futebol e a politica, para eles a vida não tem segredos quer se trate de saber a melhor forma de cultivar o feijão ou a melhor lua para procriar, no lugar dos outros fariam sempre diferente já que a seu primoroso raciocínio superior assim o dita, senhores absolutos da melhor e mais acertada escolha, pena que não se olhem no espelho estes génios incompreendidos da economia das misérias humanas, que em ambos os estados de pobreza se equivalem.
Idiotas chapados, dotados duma trela imparável, só igualável ao seu sempre apurado ponto de vista, debitam pareceres (e outras quantas barbaridades) a uma velocidade tal que faria corar qualquer relatador de futebol profissional, sempre prontos a ombrear o seu patuá com a retórica do barbeiro mais afoito, o seu discurso faz a homilia do padre pregador parecer uma história de embalar.
Donos de um cérebro constantemente ébrio, mesmo a “seco”, estão sempre prontos a cuspir a “melhor” opinião, se falamos de motas: «As 125 são um espetáculo aquilo é uma proeza e só andei numa uma vez as japonesas são boas mas as americanas são melhores», o tema muda para feijões: «que tem de ser plantados quando a terra estiver mais coisa… e cozidos na sopa são uma maravilha», e pneus: «para a chuva tens de usar daqueles dos rasgos…, mas agora de verão… há carradas deles na praia», e as hérnias: «são buracos onde se enfia uma tripa e com o esforço aquilo e uma dor do carago!»
Não são só os mais velhos que ainda não sabem distinguir as cores dos ecopontos, e para muitos “daltónicos” estes ainda não passam de meros caldeiros do lixo, “só” para recordar: azul = papel, amarelo = plástico, verde = vidro, ora como eu estou na praia e sobrou-me uma casca de banana, escorreguei na questão: onde está o balde preto para o lixo comum?, para não ficar mal levo-a para casa, tal como a senhora do lado fez com os ossos do churrasco (o bóbi agradece), e esquecendo o conselho que a velhota da frente deu ao miúdo:
«Botó saco num caisquer qué tudo caldeiros pró lixo!».
Os recipientes para o lixo comum estavam mais à frente,
passei por eles quando entrei no areal.