O nascer do dia trouxe consigo o nevoeiro esse fresco companheiro das manhãs de trabalho no campo, é sábado e é preciso aproveitar, as uvas estão no ponto e o milho a passar dele,
chamem-se as primas, os tios, as namoradas e os amigos, porque esta agricultura precisa de mão de obra, por um dia (umas horas) é o regresso às origens, troca-se o ginásio pelo campo, o computador pela tesoura de poda, o aparelho de soldar pela canastra (o telemóvel não se troca por nada),
e lá vão todos feitos agricultores de fim-de-semana, o Rui e a Zeza para a vindima, o Tono e a namorada desfolhar no campo, o Carlos com o tractor acarta as dornas com as uvas para a adega cooperativa (hoje é só branco verde!), a Inês e a João apanham o milho da eira e ajudam o Manel a acama-lo no canastro,
nesta terra onde já nenhuma mulher tem nome de santa (embora alguns B.I.s possam provar o contrário) lá para o fim da tarde vão todas desfilar as pernas para dentro de um qualquer lagar de uvas tintas, fazendo as delicias das gargantas de uns e dos olhos dos mesmos, e este dia não há-de acabar sem uma bela sardinhada de tiras de barriga, broa de milho com chouriça, e Super Bock para… desenjoar do vinho verde!?