Vivemos rodeados de sabichões superdotados, doutorados pela universal sabedoria popular, donos e senhores de uma inigualável inteligência multifacetada que abrange todo e qualquer tema que se aflore, quais wikipedias ambulantes estão sempre prontos para ter a melhor opinião, e na perspetiva deles a única possível e válida, argumentam do átomo à molécula, com a mesma facilidade que driblam entre o futebol e a politica, para eles a vida não tem segredos quer se trate de saber a melhor forma de cultivar o feijão ou a melhor lua para procriar, no lugar dos outros fariam sempre diferente já que a seu primoroso raciocínio superior assim o dita, senhores absolutos da melhor e mais acertada escolha, pena que não se olhem no espelho estes génios incompreendidos da economia das misérias humanas, que em ambos os estados de pobreza se equivalem.
Idiotas chapados, dotados duma trela imparável, só igualável ao seu sempre apurado ponto de vista, debitam pareceres (e outras quantas barbaridades) a uma velocidade tal que faria corar qualquer relatador de futebol profissional, sempre prontos a ombrear o seu patuá com a retórica do barbeiro mais afoito, o seu discurso faz a homilia do padre pregador parecer uma história de embalar.
Donos de um cérebro constantemente ébrio, mesmo a “seco”, estão sempre prontos a cuspir a “melhor” opinião, se falamos de motas: «As 125 são um espetáculo aquilo é uma proeza e só andei numa uma vez as japonesas são boas mas as americanas são melhores», o tema muda para feijões: «que tem de ser plantados quando a terra estiver mais coisa… e cozidos na sopa são uma maravilha», e pneus: «para a chuva tens de usar daqueles dos rasgos…, mas agora de verão… há carradas deles na praia», e as hérnias: «são buracos onde se enfia uma tripa e com o esforço aquilo e uma dor do carago!»