by Hellder 'Lage' de Pinho
xiba-te
by Hellder Pinho, em 26.12.12 às 20:13link do post | favorito

Não vale a pena olhar para trás, o ano que passou foi aquilo que foi, mau.

O ano que vem também não será «pêra doce», à falta de outra solução, o melhor mesmo é erguer a cabeça, abrir bem os olhos e seguir em frente.


Vade retro 2012 - Não vale a pena olhar para trás


xiba-te
by Hellder Pinho, em 20.12.12 às 22:12link do post | favorito

Nasceu!


Numa garagem abandonada, coberta de chapa de zinco,
E num caixote velho de latas de óleo,
Entre desperdícios sujos e usados.

Nossa Senhora e S. José tinham vindo pela estrada,
Os pés no asfalto negro, onde circulavam carros de luxo:
Pedir boleia, pediram, mas ninguém viu ou quis ver,
Ou escutar o gesto...

Iam apressados para a ceia da noite,

Desbragada como um conta-quilómetros
E cheia de neblina e de promessas.

Nasceu!

Num caixote velho de latas de óleo,
Entre desperdícios sujos e usados.
O clarão dos holofotes chamou lá os vadios de todas as noites:
Os guarda-nocturnos, os policias de giro,
Os que não têm cama para dormir,
Os poetas e os fugidos à Lei - TODOS! -
Todos os que naquela e nas outras noites
Não tem para onde ir, nem onde comer.
Foi, porém, o clarão dos holofotes gastos que os levou lá:
E viram, sobre os desperdícios sujos, num caixote velho,
O Redentor do Mundo,
Aquecido pelos dez cavalos-vapor de um velho Ford T
Que trabalhando, acordava a vida no arrabalde longínquo.

S. José e Nossa Senhora choravam:

Todos pediam no mundo a ressurreição de Cristo!
E Ele viera, Ele encarnava de novo
Através do ventre puríssimo da Virgem,
Sob a custódia lirial do descendente de David.

Os donos dos carros de luxo cortavam o nevoeiro
Comprometidos pelas amantes caras que ficavam para trás;
As camionetas de transporte temeram a polícia das estradas
E os outros todos também não quiseram dar boleia, Ao Filho de Deus!

Foi assim que Nossa Senhora veio num pé a pé cansado
Pela estrada fria e asfaltada
Que ganhara um concurso nacional de arranjo e de beleza!

Na cidade aonde chegaram pela noite adiante
Todos comiam e bebiam o símbolo dessa noite:
As autoridades locais tinham mesmo dado aos pobres
A esmola de uma ceia em cartolina...
Por isso todos estavam ausentes das ruas e dos lugares de costume,

Menos aquele motorista que odiava Deus
E que não tinha mulher, nem filhos
E que por esse motivo estava ali, na praça,
Para atender os fregueses transviados.
Para esse a gruta de Belém não dizia
«Gloria in excelsis Deo» mas «Gloria in excelsis Dollar»!
E tinha a alma carregada de odio, Embora o coração fosse bom,
Tão bom
Como se ele fosse o próprio Cordeiro Imolado.

E foi ele que indicou a garagem deserta,
Numa rua suja onde só ilhas humanas
Habitavam, viviam e continuavam.
Foi por isso que Jesus Menino nasceu outra vez entre os homens,
Naquele barracão de lata zincada,
Num caixote de óleo, apodrecido, entre desperdícios
Que aqueceram e afagaram seu corpo tenro.
Os faróis velhos incendiaram o nevoeiro espesso

E chamaram os vagabundos daquela noite;
Os anjos cantaram nas peças enrouquecidas do klaxon
E os cavalos do velho motor cansado encheram de calor
Aquele recanto humano,
Onde todos os homens de boa vontade
Não ajoelhavam perante o Dollar.

Os vadios, os vagabundos, os guarda-nocturnos,
Motoristas e guarda-freios dos eléctricos
Atraídos pela luz, pelos cânticos e pelo calor divino
Que irradiava daquela garagem,
Foram todos em debandada para lá.
E prostraram-se diante do Filho de Deus,
Diante da Criança Divina
Igual - no corpo - às pobres, magras, sujas,
Mal vestidas, esquálidas, crianças humanas.
Prostraram-se e choraram
E chorou e rezou até
Aquele motorista que odiava Deus!

E três fugitivos das nações ocupadas pela liberdade alheia
Vieram - evadidos dos campos de concentração ­
Oferecer suas feridas, suas fomes, seu sangue inocente.

As buzinas dos carros todos
Tocaram a alegria daquela noite sem par...

Só o menino chorou para dentro
Porque sabia que o prenderiam outra vez,
Trinta e três anos depois,

Por sedicioso, como revoltado contra a Lei,
Aqui, por não ser do Pacto do Atlântico,
Alem, por não estar na Linha Geral do Partido.

Mas os humildes de todo o mundo
Viram e compreenderam
A mensagem daquela noite sem par.

Poema de: Amândio César (1921-1987)

 

Feliz Natal - Nasceu o Menino Jesus


xiba-te
by Hellder Pinho, em 14.12.12 às 06:00link do post | favorito

Ao longe, do campanário da igreja, chega o toque das Ave-Marias que anuncia mais uma hora que passa, as seis pancadas que se seguem não deixam duvida, lá fora ainda está escuro e posso dormir mais uma hora, viro-me para o outro lado e lembro que são muitos aqueles que a esta hora já trabalham e até outros que ainda não pararam de trabalhar desde que me deitei… e como seríamos felizes se tudo se resumisse a isso, pior estão aqueles que contra a vontade não terão o que fazer depois de se levantarem, o grande problema da nossa sociedade não é o desemprego, mas sim os desempregados e as suas famílias,…

…abro os olhos e não vejo nada,

lá fora continua tudo tão escuro...


Igreja de São Martinho da Gandara, Oliveira de Azemeis, Aveiro
Igreja de São Martinho da Gandara, Oliveira de Azemeis, Aveiro



xiba-te
by Hellder Pinho, em 08.12.12 às 16:51link do post | favorito
O Outono ainda está LiNDO!, Brejo - São Martinho da Gandara
O Outono ainda está LiNDO!
Brejo - São Martinho da Gandara

xiba-te
by Hellder Pinho, em 02.12.12 às 19:20link do post | favorito

…não é todos os dias que nos fazem uma oferta destas, e logo três de uma vez, a diferença saltava logo à vista, uma das nossas de faces bem rosadinhas, tamanhinho roda 20 (pequenina como a sardinha), e duas grandes louras que se destacavam-se à distância, ao perto (bem mais ao perto) senti-me logo atraído pelo aroma perfumado da nossa patrícia, mas tinha de escolher e não me fiz de esquisito, senti-lhes a pele macia e apalpei-as (bem apalpadas).

A fome já se juntava à vontade de comer e não demorei muito a decidir-me por uma das russas, tive mais olhos que barriga e nem sequer me dei ao trabalho de a descascar.

Atirei-me a ela à dentada (como se não houvesse amanhã), mas logo se confirmou que era tudo fogo-de-vista, nem ofereceu resistência, muito balofa, sem consistência, e quase sem sumo, (além disso) deu muito trabalho, acabei desconsolado e tão enjoado que as outras vão ter de esperar por melhores dias para serem comidas…

As maçãs, tal como a nossa língua (portuguesa), são assim… muito traiçoeiras!


duas polacas e uma portuguesa

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