Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra. Um dos quadros é o singular «A Avó do
A Avó do Jorge
Na pontinha do lameiro do Mário o ainda direito velho muro (com ervas e musgo quase a tapar as pedras) apascenta as frescas águas do Vigues. No campo o alto milho verde e a vinha com os seus rebentos não deixam enganar, é Verão. Ali ao lado o pacato coaxar das rãs, mais atrás o ritmado bater da enxada do Tono que incansavelmente aproveita a água da levada para regar as novidades, mais á frente a vaca da Quinhas rapa debaixo da ramada e só o áspero chicotear do seu rabo a enxotar as moscas quebra a monotonia pachorrenta desta manhã. No ar o fresco aroma a erva e correjó acabados de cortar desprende-se do molho que o Zé atou com um vime. Nas ervas está estendido um lençol (acabadinho de lavar) que logo terá de voltar a cobrir o colchão de palha, de joelhos na pedra do açude de Moreira a avó do Jorge, trata agora de lavar o outro e no final ainda terá de pôr as cuidadosas mãos numa roupa domingueira, aquela camisa em tons de castanho ás riscas e as calças azul matizado que o Jorge sujou ontem enquanto andava-mos roubar limões na quinta do Ti Arlindo.
A avó do Jorge veste uma saia, que lhe fez a minha avó Emília parteira. A blusa comprou-a na feira dos 23 do Natal passado, como sempre na barraca das Russas de Lourosa. Avental só tinha um (aquele) e lenço também, dera-lho a mãe... O alguidar de zinco feito pelo Carlos Bispo no alpendre na semana passada reluzia a novo... e c
«essa... trouxe-a o ano passado de Tuy, quando fomos na camioneta do Calçada fazer a excursão da Tina Marreca, viemos pelo Sameiro, olha, consolei-me...»