A tecnocracia da crise mede-se em números, vírgulas, pontos, percentagens, ou até curvas de gráficos de longe tangentes ao sofrimento diário dos por esta afectados. Os políticos babam-se ao anunciarem, debaterem e contraporem números que mascaram (tanto por excesso como por defeito) a realidade da aflição diária dos seus eleitores. Os economistas desdobram-se em análises e extrapolações que nunca demonstram nada nem levam a lado algum. Os jornalistas tecem conjecturas, montam cenários, formulam hipóteses, rodeiam ideias, mas qual laranja seca o sumo que sai do seu cérebro é escasso e quase azedo. No meio da discussão virtual das estatísticas e números deambula o comum dos mortais, essa mole humana para quem a realidade se traduz em incerteza e desespero, estes por mais contas que se façam estas nunca conseguirão transformar percentagens em pão ou pontos