by Hellder 'Lage' de Pinho
xiba-te
by Hellder Pinho, em 05.11.10 às 21:43link do post | favorito

Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.

Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.


Pablo Neruda

ao SOL

tags: ,

xiba-te
by Hellder Pinho, em 28.05.10 às 21:41link do post | favorito

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

The Red Dress by Jasmine Moston

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada púrpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouco levantaram vôo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

 

Pablo Neruda

tags:

xiba-te
by Hellder Pinho, em 13.04.10 às 20:18link do post | favorito

Let there be Light -

Se não puderes ser um pinheiro,

no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo,

sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho

que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda


xiba-te
by Hellder Pinho, em 07.04.10 às 22:53link do post | favorito

Ophelia's Garden
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te secretamente, entre a sombra e a alma.

Amo-te como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascender da terra.

Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
assim amo-te porque não sei amar de outra maneira,

Se não assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que a tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.
Pablo Neruda


xiba-te
by Hellder Pinho, em 24.03.10 às 19:36link do post | favorito

 

Black Edition

 

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
Pablo Neruda


xiba-te
by Hellder Pinho, em 15.03.10 às 19:20link do post | favorito

Castelo da Feira 2009

 

 

 

 

 

 

 

Nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria
.

 

 

Pablo Neruda

 


teias de aranha
pesquisar
 
blogs SAPO
subscrever feeds