Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra.
Surprise!
Seria uma noite de terça-feira como tantas outras não fosse essa a última de Fevereiro e nesse ano também a de Carnaval, a Datsun Urban nova parou frente ao café do Rogério e de lá saíram 5 bem rodadas meninas, como de costume o Ambrósio não largou o volante. As moças não vinham mais mascaradas que o habitual, os peludos e grossos casacos de peles não encobriam a actividade profissional que sem dúvida exerciam. Entraram no tasco e causaram o habitual bruá entre os habitués, que na sua tradição rural se referiam a elas carinhosamente nomeando aves, gado bovino e caprino. Cinco cafés e três Macieiras depois, fizeram-se de novo á estrada. O destino delas á muito deixara de ser secreto.
A caminho da serra a poucos quilómetros da gandra a quinta do velho solar tornou-se um destino discreto para uma clientela requintada. O estratagema deles não variava muito, juntavam-se em confraria para jantar num conhecido boteco de luxo na vila e depois discretamente saíam um após outro para a casa onde nada alternava.
Lugar de acesso restrito o prostíbulo oferecia aos seus clientes exclusivos um requintado serviço de copos, meninas e diversão. Homens de fraque e tramelo que caídos na ilusão do álcool e embriagados pelos corpos de aluguer viviam num mundo de ilusão, engano e mentira.
(…)
Destruidor de vidas, famílias e fortunas também este bordel caiu em desgraça e no final da primavera passou á historia. As meninas voltaram a fazer-se á estrada para «ganhar» a vida, os fraques foram fechados no armário, os confrades dispersaram perseguidos pelas dívidas e pela má fama.