No tempo em que o brinquedo com que todas as crianças sonhavam era uma imitação plástica de bota rasgada (com um vergonhoso preço exorbitante), o sonho de muitos jovens era cortejar uma qualquer das parteneres do show, e não havia crescido que que não sonhasse em mudar a sorte, e não se sentisse capaz de ir lá com o seu par e fazer melhor, levar a lição bem estudada, com as respostas na ponta da língua, e sem esquecer de nenhuma palavra, nome ou expressão, até chegar ao jogo final escolher a porta do carro ou sacar o dinheiro.
Em casa, na escola, no café com os amigos o concurso estava na ordem do dia, e era repetido e treinado até à exaustão. Em meados dos anos 80 (do século passado), o mito era o homem que sabia (ler num cartão) as óbvias respostas que os concorrentes sempre se esqueciam, ombreava com o (Carlos) Fininho em tiradas humorísticas que encerravam enigmas (decifráveis) e dava alento a um país a remar contra a crise e sob intervenção do FMI, tão sagrado como ao domingo de manhã ir à missa, era à segunda-feira à noite ver o concurso 1, 2, 3, era o senhor Cruz na TV e o Senhor da Cruz no Céu.
Figura incontornável da Televisão do século passado em Portugal, o entertainer Carlos Cruz tornou-se neste século alvo de muita atenção mediática, acusado de graves crimes, julgado e condenado, reclamou e reclama justiça e inocência.
Continua… Brevemente numa TV perto de si!