by Hellder 'Lage' de Pinho
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by Hellder Pinho, em 04.06.15 às 07:00link do post | favorito

Mea culpa aqui faço, a vós me confesso, que por minha inusitada inércia, uma semana levei a ler uma frase deste livro, lembrou-se Saramago de relatar um dos grandes folclores da época, e de muitas outras, o soleníssimo desfile religioso do Dia de Corpo de Deus pelas ruas da capital do Império, duvido que naquela altura fosse feriado, porque regalias dessas não as haveria, como agora também não as há, resta-nos o beneplácito de nos recordarmos que seria hoje como sempre foi numa qualquer quinta-feira, escapa-nos o dia, porque esse anda sempre a mudar, para isso nos servem os calendários, contudo hão-de lembrar-se aqueles que estiveram atentos na catequese que tinha algo a ver com Páscoas findadas, dias contados, Trindades festejadas, e Pentecostes celebrados, outros, simploriamente, vão atirar logo para a ponte que se acabou, porque esses cortejos «já n'um s'usam», e o que a malta agora quer são uns quantos feriados para festejar, e outras tantas barraquinhas para petiscar, no passado tal como no presente continua a valer a moda, a Maria vai co'as outras e qualquer dia, se Nosso Senhor o permitir, o governo deixar, e o feriado regressar, o Senhor Padre lá terá de descalçar as alpercatas, e fazer passar a banda de musica, o pálio, e o andor pelo areal fora, pé ante pé pelo meio das toalhas, passando entre aquela em busca do louvado bronze e aquele que cultiva um corpo de deus, ou se São Pedro andar de candeias às avessas com os prematuros veranistas, pois não terá melhor remédio o nosso clérigo que não seja rumar a uma dessas muitas catedrais do consumo e lá encontrará o povo, prontinho para ver passar uma enorme procissão de gente, que venera montras em busca da felicidade material que nunca alcança, regressando uns séculos atrás, custou muito pois então chegar ao fim desse tortuoso paragrafo, uma frase única claro está, enxameada de vírgulas, e sempre a contar pelos dedos as páginas folheadas, desfiando um sem fim de palavras, almejando sempre o bem-aventurado ponto final que nunca mais chega, pudera, Bliminda Sete Luas e Balatazar Sete Sois ainda por lá andam, que é como quem diz, a procissão ainda vai no adro, a obra prometida para Mafra mal começou, e o mestre Saramago vai ter de nos contar tudo, tudinho, porque nesta excepção que confirma a regra, mil imagens não valem por estas palavras que perdurarão para sempre em Memorial do Convento.

procissão do Corpo de Deus.jpg

Procissão do Corpo de Deus


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by Hellder Pinho, em 31.03.13 às 02:27link do post | favorito

Agora que as campainhas já reteniram nas igrejas e os foguetes ribombaram nos céus, gritamos: Aleluia! que é tempo de alegria, o cordeiro já está em calda, os ovos a farinha e o açúcar transformam-se agora em fontes de desejo colestérico, damos largas à nossa alegria porque Jesus Cristo ressuscitou verdadeiramente, sem nunca esquecermos o sacrifício que Ele fez por nós ao padecer na cruz para remissão dos nossos pecados, celebramos dando azo à nossa gula, vamos de casa em casa anunciar a Boa Nova, e nos compassos dessas voltas deitamos toda a nossa vaidade, rejubilamos de alegria porque o nosso coração está feliz, na certeza de sermos filhos de Deus, constituídos à sua imagem e semelhança,  a obra prima da criação, pelo que devemos sempre agradecer:

Obrigado Senhor, por nos teres feito assim tão… humanos.


Santa Páscoa! Doce no Coração…


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by Hellder Pinho, em 01.01.12 às 15:31link do post | favorito

1 de janeiro de 2012 Vale de Cambra, fogo de artificio em Sandiaes_1

 

1 de janeiro de 2012 Vale de Cambra, fogo de artificio em Sandiaes_2

1 de janeiro de 2012,

Vale de Cambra, fogo de artificio em Sandiães


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by Hellder Pinho, em 17.10.11 às 21:57link do post | favorito

Verdes são os campos, o vale, os montes, e as serras,

madura está a minha saudade!

 

 

Búzio, Macieira de Cambra, 17 de Oitembro de 2011

Búzio, Macieira de Cambra, 17 de Oitembro de 2011

Búzio, Macieira de Cambra, 17 de Oitembro de 2011



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by Hellder Pinho, em 14.10.11 às 21:53link do post | favorito

A vida traz-nos destes espinhos, um nascer do sol emoldurado pelo fumo de um terrível incêndio em Vale de Cambra, traz-nos a beleza das imagens que nos entristecem.

 

Nascer do dia sobre Oliveira de Azeméis, visto a partir de Vila Cova

Nascer do dia sobre Oliveira de Azeméis, visto a partir de Vila Cova

Nascer do dia sobre Oliveira de Azeméis, visto a partir de Vila Cova

Nascer do dia sobre Oliveira de Azeméis,

visto a partir de Vila Cova

14 de Oitembro de 2011 ~ 08:00

 


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by Hellder Pinho, em 20.09.11 às 21:09link do post | favorito

os erros são pedras no caminho para a Perfeição…

a Perfeição é uma meta inatingível

para a qual devemos correr incansavelmente

todos os dias.

Vale de Cambra, vista Serra-Mar

 

 

Vale de Cambra, vista serra-mar

 

 

 


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by Hellder Pinho, em 17.09.11 às 17:51link do post | favorito

O nascer do dia trouxe consigo o nevoeiro esse fresco companheiro das manhãs de trabalho no campo, é sábado e é preciso aproveitar, as uvas estão no ponto e o milho a passar dele,

chamem-se as primas, os tios, as namoradas e os amigos, porque esta agricultura precisa de mão de obra, por um dia (umas horas) é o regresso às origens, troca-se o ginásio pelo campo, o computador pela tesoura de poda, o aparelho de soldar pela canastra (o telemóvel não se troca por nada),

e lá vão todos feitos agricultores de fim-de-semana, o Rui e a Zeza para a vindima, o Tono e a namorada desfolhar no campo, o Carlos com o tractor acarta as dornas com as uvas para a adega cooperativa (hoje é só branco verde!), a Inês e a João apanham o milho da eira e ajudam o Manel a acama-lo no canastro,

nesta terra onde já nenhuma mulher tem nome de santa (embora alguns B.I.s possam provar o contrário) lá para o fim da tarde vão todas desfilar as pernas para dentro de um qualquer lagar de uvas tintas, fazendo as delicias das gargantas de uns e dos olhos dos mesmos, e este dia não há-de acabar sem uma bela sardinhada de tiras de barriga, broa de milho com chouriça, e Super Bock para… desenjoar do vinho verde!?

 

 

Vale de Cambra, sábado 17 de Setembro de 2011

Vale de Cambra, sábado 17 de Setembro de 2011

 

 

 

 


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by Hellder Pinho, em 04.05.11 às 21:28link do post | favorito

 

  

 

Orgulho em ser Valecambrense.


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by Hellder Pinho, em 01.05.11 às 16:23link do post | favorito

À Mãe

que se deita ás horas que forem

e se levanta antes de todos

que tem um carinho

e vai trabalhar

vê os TPC’s

apalpa a testa

e dá banho

lava, passa e veste

remenda, cozinha e limpa

dá um beijinho de boa noite

e volta ao trabalho…

 

a Mãe Anitas quando era nova

Primeiro de Maio de 2011, Dia da Mãe e dia do Trabalhador.



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by Hellder Pinho, em 24.04.11 às 19:20link do post | favorito

A tradição resiste, Visita Pascal em Vila Chã, Vale de Cambra.

A tradição resiste, Visita Pascal em Vila Chã, Vale de Cambra.


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by Hellder Pinho, em 23.12.10 às 20:02link do post | favorito

A 23 de Dezembro das serranias de Arouca e Cambra desciam “carregos” de gente que se juntavam aos do Vale, a 2 dias do Natal a feira dos 23 em Vale de Cambra era o “fim do mundo”.

Os feirantes inundavam tudo com as suas Ford Transit e barracas de lona bege, desde a “feira dos ovos” com peixe frito e fruta, á rua da Lacto-Lusa com calçado (vindo “das melhores” fábricas de Felgueiras), passando pelo largo da feira onde se comprava o (sempre) “fiel amigo” bacalhau (para a consoada), nenhum bocado ficava por preencher, não havia chuva ou frio que parassem a mole humana, uns vinham, outros iam, de bolsos vazios, enchiam de cestos e canastras com folares as “caminetes” do Caima e do Calçada a caminho… do Natal.

Feira em Vale de CambraDurante décadas a feira foi um ex-líbris para as populações da “suíça portuguesa”, agora na era da globalização, e com os lugares da antiga feira ocupados por construções de (in)utilidade urbana, a feira realiza-se em espaço proprio no mercado, e embora com menos expressão ainda atrai muitas gentes neste dia.


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by Hellder Pinho, em 13.06.10 às 19:11link do post | favorito

– António de Pádua…

«Desculpasse a ignorância o meu bom padre Frei Bonifácio…», minha pedra no sapato, «… mas julgava ter ouvido ou lido algures que Frei António não era italiano.»

«Não era italiano?!...»

«A teologia e a prodigiosa erudição que tanto tinham assombrado as terras e nações por onde havia pregado aprendera-as ele em Santa Cruz de Coimbra…»

(…)

– O misticismo, alem de o ter de muito novo recebido de Deus, bebeu-o na orfandade prematura junto da sé de Lisboa e na meditação inspirada diante dos corpos mutilados dos santos mártires de Marrocos.

Atónito, Frei Bonifácio exclamou:

– Não me digais, meu querido Pantaleão, que Santo António é um santo português!...

– Sim, meu mestre – lhe disse eu sorrindo sem acinte –, Santo António de Pádua é Santo António de Lisboa.

in “A Casa do Pó” Fernando Campos

 

Santo António de Vale de Cambra

 

O dilema vai continuar ad eternum, mas para nós Santo António será sempre de Vale de Cambra.

 

– António de Pádua…

«Desculpasse a ignorância o meu bom padre Frei Bonifácio…», minha pedra no sapato, «… mas julgava ter ouvido ou lido algures que Frei António não era italiano.»

«Não era italiano?!...»

«A teologia e a prodigiosa erudição que tanto tinham assombrado as terras e nações por onde havia pregado aprendera-as ele em Santa Cruz de Coimbra…»

(…)

– O misticismo, alem de o ter de muito novo recebido de Deus, bebeu-o na orfandade prematura junto da sé de Lisboa e na meditação inspirada diante dos corpos mutilados dos santos mártires de Marrocos.

Atónito, Frei Bonifácio exclamou:

– Não me digais, meu querido Pantaleão, que Santo António é um santo português!...

– Sim, meu mestre – lhe disse eu sorrindo sem acinte –, Santo António de Pádua é Santo António de Lisboa.

in “A Casa do Pó” Fernando Campos

 

O dilema vai continuar ad eternum, mas para nós Santo António será sempre de Vale de Cambra.


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by Hellder Pinho, em 26.01.10 às 21:10link do post | favorito

Os partidos de direita chegaram a acordo com o governo e após duras negociações vão dizer nim ao Orçamento de Estado. O voto de abstenção que os partidos de direita vão dar ao OE é um acto de fragilidade quase maricas, muito longe do acto viril que fez a esquerda em bloco aprovar a lei contra-natura do casamento homossexual.

O voto por abstenção ao OE deveria ser banido, erradicado, a abstenção é um diz que não disse tanto serve para ficar bem, como para não se comprometer com maus resultados.     

Veja-se o caso do famoso Orçamento Limiano, que muito deu que falar e alimentou tantas polémicas e sátiras até que a produção do queijo acabou por ser deslocalizada para paragens mais baratas, neste caso a produção foi parar á Suíça Portuguesa (Vale de Cambra).

Então aplique-se a mesma politica á abstenção e deslocalizem-se os deputados que se abstenham para paragens com menos responsabilidade como a insular Ilha da Madeira, onde a democracia é ditada aos deputados pelo abananado Chefe de Governo.

 


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by Hellder Pinho, em 28.05.09 às 20:20link do post | favorito

A pedido de muitos netos (e netas)...

publico o quadro, que bem poderia ter sido da nossa Avó

a Avó do Jorge


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by Hellder Pinho, em 27.05.09 às 21:48link do post | favorito

Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra.

 

Surprise!

 

Seria uma noite de terça-feira como tantas outras não fosse essa a última de Fevereiro e nesse ano também a de Carnaval, a Datsun Urban nova parou frente ao café do Rogério e de lá saíram 5 bem rodadas meninas, como de costume o Ambrósio não largou o volante. As moças não vinham mais mascaradas que o habitual, os peludos e grossos casacos de peles não encobriam a actividade profissional que sem dúvida exerciam. Entraram no tasco e causaram o habitual bruá entre os habitués, que na sua tradição rural se referiam a elas carinhosamente nomeando aves, gado bovino e caprino. Cinco cafés e três Macieiras depois, fizeram-se de novo á estrada. O destino delas á muito deixara de ser secreto.

A caminho da serra a poucos quilómetros da gandra a quinta do velho solar tornou-se um destino discreto para uma clientela requintada. O estratagema deles não variava muito, juntavam-se em confraria para jantar num conhecido boteco de luxo na vila e depois discretamente saíam um após outro para a casa onde nada alternava.

Lugar de acesso restrito o prostíbulo oferecia aos seus clientes exclusivos um requintado serviço de copos, meninas e diversão. Homens de fraque e tramelo que caídos na ilusão do álcool e embriagados pelos corpos de aluguer viviam num mundo de ilusão, engano e mentira.

Surprise!(…)

Destruidor de vidas, famílias e fortunas também este bordel caiu em desgraça e no final da primavera passou á historia. As meninas voltaram a fazer-se á estrada para «ganhar» a vida, os fraques foram fechados no armário, os confrades dispersaram perseguidos pelas dívidas e pela má fama.


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by Hellder Pinho, em 25.05.09 às 19:51link do post | favorito

Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra. Um dos quadros é o singular «A Avó do Jorge», passe lá e comprove você mesmo.

 

A Avó do Jorge

 

 

Na pontinha do lameiro do Mário o ainda direito velho muro (com ervas e musgo quase a tapar as pedras) apascenta as frescas águas do Vigues. No campo o alto milho verde e a vinha com os seus rebentos não deixam enganar, é Verão. Ali ao lado o pacato coaxar das rãs, mais atrás o ritmado bater da enxada do Tono que incansavelmente aproveita a água da levada para regar as novidades, mais á frente a vaca da Quinhas rapa debaixo da ramada e só o áspero chicotear do seu rabo a enxotar as moscas quebra a monotonia pachorrenta desta manhã. No ar o fresco aroma a erva e correjó acabados de cortar desprende-se do molho que o atou com um vime. Nas ervas está estendido um lençol (acabadinho de lavar) que logo terá de voltar a cobrir o colchão de palha, de joelhos na pedra do açude de Moreira a avó do Jorge, trata agora de lavar o outro e no final ainda terá de pôr as cuidadosas mãos numa roupa domingueira, aquela camisa em tons de castanho ás riscas e as calças azul matizado que o Jorge sujou ontem enquanto andava-mos roubar limões na quinta do Ti Arlindo.

A avó do Jorge veste uma saia, que lhe fez a minha avó Emília parteira. A blusa comprou-a na feira dos 23 do Natal passado, como sempre na barraca das Russas de Lourosa. Avental só tinha um (aquele) e lenço também, dera-lho a mãe... O alguidar de zinco feito pelo Carlos Bispo no alpendre na semana passada reluzia a novo... e claro, a garrafa...

«essa... trouxe-a o ano passado de Tuy, quando fomos na camioneta do Calçada fazer a excursão da Tina Marreca, viemos pelo Sameiro, olha, consolei-me...»


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by Hellder Pinho, em 17.05.09 às 18:28link do post | favorito

Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra.Pintor Jorge Barros * Paisagem


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by Hellder Pinho, em 10.05.09 às 19:09link do post | favorito

Jorge Barros expõe até ao final de Maio no átrio da Biblioteca Municipal em Vale de Cambra.

Ponte de Amarante

Ponte de Amarante


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by Hellder Pinho, em 12.04.09 às 19:25link do post | favorito

Vila Chã * Vale de Cambra * 12-Abr-2009

Visita Pascal 2009 * Vila Chã * Vale de Cambra * 12-Abr-2009


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by Hellder Pinho, em 16.03.09 às 18:41link do post | favorito

A terra das portas está ás portas de comemorar mais um aniversário de elevação a cidade, com uma indústria bem enlatada, que também é líder em engarrafamento (de líquidos), esta gente empreendedora vive na inoxidável harmonia de quem com a mestria de um tanoeiro constrói da mais pequena cuba ao maior dos silos.

Á mesa esquecem o gosto requintado dos bons queijos que produzem e deliciam-se com iguarias como os colesterolicos rojões de ressô, ou as extra-saturadas iscas em molho de cebolada, sempre regadas com um ilegal americano tinto produtor directo que ninguém produz mas todos bebem.

Em poucas décadas o fértil vale (quase) abandonou a agricultura e floresceu de industria, passando de terra de emigrantes a foco de imigrantes, transformando a pacata urbe de feiras aos 9 e 23 de cada mês, na Suíça Portuguesa um melting pot semi-mundano com a maior taxa horeca (bares, cafés, etc.) da região.

Das encostas donde os artistas canastreiros quase desapareceram despontam agora discretamente outros vultos, com a sua arte expressam o saber e experiencia desta gente orgulhosamente apelidada de serrana (os xarranos).

 

Assinado: o Migrante.


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